quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Entrevista com o presidente da Lego.

O Lego é um brinquedo baseado em blocos que se encaixam e formam diferentes esculturas, estimulando a criatividade e a concentração das crianças. Ele foi criado em 1947 pela carpinteiro dinamarquês Ole Kirk Christiansen. Porém, atualmente, manter as vendas do brinquedo em alta, competindo com as inovações tecnológicas, é um desafio para o presidente da empresa, Jorgen Vig Knudstorp, que concedeu ao repórter Marcos Todeschini, da revista Veja, uma entrevista sobre o assunto.

O executivo afirma que as vendas cairam à medida que os brinquedos eletrônicos, como o video game, surgiam. Então a empresa decidiu criar robôs e acrecentar circuitos elétricos aos blocos, tornando-os mais atrativos para as novas gerações. Esse fato alavancou as vendas, e até as escolas, principalmente as asiáticas, passaram a usá-los para ensinar princípios de robótica. Assim, crianças aprendem a montar os blocos, instalar os circuitos e até competem para ver quem constrói mais em menos tempo. Essa competição, na qual os adultos também participam, tem uma escala global, pois os “legueiros” exibem suas esculturas na internet, desafiando uns aos outros a criar edificios maiores e complexos.

Knudstorp afirma que, de acordo com as pesquisas, os adultos representam 10% das vendas, que são maiores em países de inverno rigoso, onde as pessoas ficam mais tempo dentro de casa, e o Lego as ajuda aplacar o tempo. Há também aqueles que compram os blocos para construir edificações gigantes com o propósito de impressionar outros. O presidente diz ter visto uns dos chefões da revista Wired se orgulhar pelo avião que havia montado, e dizer que o brinquedo dá vazão à sua megalomania.

De acordo com a revista Veja, o site da empresa é campeão em acessos entre os fabricantes de brinquedos. Knudstorp explica que as pessoas sugerem novos formatos e acessórios para o Lego. Algumas delas são, muitas vezes, adultos que brincavam com o blocos quando criança, e agora, por sua familiaridade com o brinquedo, conseguem empregos na empresa com a finalidade de apenas palpitar.
Em 2004, quando Knudstorp assumiu a presidência da empresa, ela acumulava 340 milhões de dólares em dívidas. Knudstorp afirma que essa crise ocorreu devido à Lego subestimar o valor da sua marca, acreditando que apenas seu nome faria com que as pessoas o comprassem, mesmo sendo 25% mais caro que o concorrente. Knudstorp diz que precisou demitir 2 mil pessoas, e essa é a causa da sua impopularidade. As demissões foram justificadas com o comentário de que ele precisava corrigir os erros básicos cometido por seus antecessores. “A empresa precisava aprender a cortar custos de modo a competir no mercado globalizado”.

Na opinião do presidente, apostar na fabricação de relógios e bicicletas também foi um erro, pois esses são negócios dos quais a Lego não entendia muito. A empresa não investiu em tecnologia sulficiente para tornar esses produtos mais atrativos e lucrativos. Ao fim da entrevista, Knudstorp conclui que, com algum sofrimento, o grupo descobriu que a única coisa que realmente sabe fazer bem são bloquinhos de montar. E, nisso, ninguém é melhor.



Fonte: Revista Veja, 10 de setembro de 2008

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